sexta-feira, 10 de julho de 2009

Sucesso de fé e de público

Produções com temática cristã abrem um novo nicho no mercado cinematográfico

Desde os tempos das superproduções épicas com temática bíblica – caso dos clássicos Os Dez Mandamentos, de Cecil DeMille, ou Jesus de Nazaré, de Zeffirelli –, os crentes tinham poucas opções para ver na telona um pouco de sua fé e do seu mundo espiritual. Pois de uns tempos para cá, uma safra de novos filmes tem divertido e, por quê não dizer, edificado muita gente. Bancadas até por igrejas, produções de boa qualidade têm chamado a atenção das distribuidoras para um setor que, se ainda não pode ser chamado de indústria cinematográfica cristã, pelo menos já ocupa seu lugar ao sol quando o assunto é a sétima arte. E mesmo diretores e atores do grande circuito já não têm qualquer preconceito em se envolver em produções cujo pano de fundo são as coisas de Deus.

Um dos exemplos que melhor representa essa nova tendência é Desafiando Gigantes, produzido por uma igreja batista norte-americana. O filme, lançado em 2006, não era exatamente uma novidade, já que, quatro anos antes, a Sherwood Baptist Church já lançara A Virada (Flywheel). Contudo, foi a história do time de futebol que buscou em Deus a superação de suas limitações, que conquistou o público. Com um orçamento irrisório para os padrões norte-americanos, que nem pagaria o cachê de um coadjuvante em Hollywood, Desafiando Gigantes faturou mais de US$ 10 milhões, isso sem contar os resultados evangelísticos que a obra, primordialmente, se propunha a obter.

E o resultado de Desafiando Gigantes deixou os batistas de Albany tão entusiasmados que no ano passado uma nova produção com temática evangélica chegou às salas. Prova de Fogo (Firepoof), dirigido pelo mesmo Alex Kendrick, explora a questão familiar, tão cara aos cristãos. O roteiro traz uma situação comum a muita gente – o bombeiro Caleb Holt (Kirk Cameron, de Deixados para trás), é um profissional extremamente zeloso por seu trabalho, mas que negligencia a vida conjugal. Em casa, é praticamente um estranho para a mulher, Catherine (Erin Bethea). À beira do divórcio, os dois recorrem à ação divina e é a partir daí que a história ganha novos – e empolgantes –rumos.

Somente nos Estados Unidos, Fireproof rendeu mais de US$ 25 milhões, superando boa parte das produções do chamado mercado secular cinematográfico. E o orçamento do longa foi de US$ 500 mil, uma ninharia para os padrões do cinema. De acordo com os realizadores, com o dinheiro arrecadado começa o desafio de equilibrar as contas da igreja e melhorar a parte artística de futuras produções. “Queremos utilizar os membros da igreja tanto quanto for possível, mas em algum ponto você tem de ir além disso para manter a qualidade da arte”, diz Kendrick. Detalhe: o ator principal, Kirk Cameron, praticamente não recebeu nada por sua participação no filme.

“Experiência rica” – Mas nem tudo o que tem sido produzido pela indústria cristã tem tido a mesma sorte. Com um custo aproximado de US$ 5 milhões, Billy: The Early Years, biografia dos primeiros anos do famoso evangelista Billy Graham, se tornou um fiasco e não chegou a faturar nem 10% do valor gasto, tanto que a fita foi retirada das programações dos cinemas logo depois das primeiras semanas de exibição. Para o produtor Larry Mortoff, a explicação é absolutamente compreensível: “Talvez o mundo cristão consiga absorver um filme evangélico por vez, e Fireproof deve ter ocupado esse lugar”.

Vale lembrar também alguns dos grandes sucessos recentes de bilheteria que, se não são essencialmente evangélicos, trazem inúmeras referências cristãs em suas histórias, como a trilogia de O Senhor dos Anéis (2001, 2002 e 2003), As Crônicas de Nárnia (série lançada em 2005, baseada na obra homônima do autor cristão C.S. Lewis) e As Crônicas de Spiderwick (2008). No Brasil, o melhor exemplo de filme recente com conotação religiosa é Linha de Passe, de Walter Salles e Daniela Thomas. Ainda em cartaz nos cinemas de todo o país, o longa tem atraído a atenção de milhares de evangélicos, isso porque um dos personagens da trama é um crente que luta para manter a família unida sem comprometer a sua fé ou se desprender de suas convicções morais e religiosas.

José Donizetti Morbidelli
Jornalista e assessor de comunicação e marketing
Fonte: Revista Eclésia

Um comentário:

  1. Notícia interessante!!! É um grande passo na conquista dos sete montes!!!Aleluia!!!

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